12 DE NOVEMBRO... DIA HISTÓRICO PARA OS TIMORENSES.
Timor-Leste (oficialmente chamado de República Democrática de Timor-Leste), no sudeste asiático, é um dos países mais jovens do mundo.
De acordo com alguns antropólogos, um pequeno grupo de caçadores e agricultores já habitava a ilha de Timor por volta de 12 mil anos a.C. Há documentos que comprovam a existência de um comércio esporádico entre Timor e a China a partir do século VII, ainda que esse comércio se baseasse principalmente na venda de escravos, cera de abelha e sândalo, madeira nobre utilizada na fabricação de móveis de luxo e na perfumaria, que cobria praticamente toda a ilha.
O primeiro contato europeu com a ilha foi feito pelos portugueses quando estes lá chegaram em 1512 em busca do sândalo. Durante quatro séculos, os portugueses apenas utilizaram o território timorense para fins comerciais, explorando os recursos naturais da ilha.
Até Agosto de 1975, Portugal liderou o processo de auto-determinação de Timor-Leste, promovendo a formação de partidos políticos tendo em vista a independência do território. Quando as forças pró-indonésias atacam as forças Portuguesas no território, estas são obrigadas a deixar a ilha de Timor. Dá início à Guerra Civil entre a FRETILIN (Frente Revolucionária de Timor-Leste) e as forças pró-Indonésias. A FRETILIN saiu vitoriosa da guerra civil e proclamou a independência a 28 de Novembro do mesmo ano (1975), o que não foi reconhecido por Portugal. A proclamação da independência por um partido de tendência Marxista levou a que a Indonésia invadisse Timor Leste. Em 7 de Dezembro, os militares indonésios desembarcavam na capital Díli, ocupando brevemente toda a parte oriental de Timor, apesar do repúdio da Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança da ONU, que reconheceram Portugal como potência administrante do território.
A ocupação militar da Indonésia em Timor-Leste fez com que o território se tornasse a 27.ª província indonésia, chamada "Timor Timur". Uma política de genocídio resultou num longo massacre de timorenses. Centenas de aldeias foram destruídas pelos bombardeios do exército da Indonésia.
A visita do Papa João Paulo II a Timor-Leste, em outubro de 1989, foi marcada por manifestações pró-independência que foram duramente reprimidas. No dia 12 de Novembro de 1991, o exército indonésio disparou sobre manifestantes que homenageavam um estudante morto pela repressão no cemitério de Santa Cruz, em Díli. Cerca de 200 pessoas foram mortas no local. Outros manifestantes foram mortos nos dias seguintes, "caçados" pelo exército da Indonésia.
A causa de Timor-Leste pela independência ganhava repercussão e reconhecimento mundial… aumentava a pressão para que a independência fosse feita através de uma solução negociada.
Em 1999, os governos de Portugal e da Indonésia começaram, então, a negociar a realização de um referendo sobre a independência do território, sob a supervisão de uma missão da Organização das Nações Unidas. No mesmo período, o governo indonésio iniciou programas de desenvolvimento social, como a construção e recuperação de escolas, hospitais e estradas, para promover uma boa imagem junto aos timorenses.
No dia 30 de agosto de 1999, mais de 98% da população timorense foi às urnas para votar na consulta popular, e o resultado apontou que 78,5% dos timorenses queriam a independência.
Uma lei indonésia aprovava milícias que “defendessem” os interesses da nação, em Timor-Leste, e então, homens armados mataram nas ruas todas as pessoas suspeitas de terem votado pela independência. Milhares de pessoas foram separadas das famílias e colocadas à força em caminhões, cujo destino ainda hoje é desconhecido (muitas levadas a Kupang, no outro lada da ilha de Timor, pertencente a Indonésia). A população começou a fugir para as montanhas e buscar refúgio em prédios de organizações internacionais e nas igrejas. Os estrangeiros foram evacuados, deixando Timor entregue à violência dos militares e das milícias indonésios.
A ONU decide criar uma força internacional para intervir na região. Em 22 de setembro de 1999, soldados australianos sob bandeira da ONU entraram em Díli e encontraram um país totalmente incendiado e devastado. Grande parte da infra-estrutura de Timor-Leste havia sido destruída e o país estava quase totalmente devastado. Xanana Gusmão, líder da resistência timorense, foi libertado logo em seguida.
Em abril de 2001, os timorenses foram novamente às urnas para a escolha do novo líder do país. As eleições consagraram Xanana Gusmão como o novo presidente timorense e, em 20 de Maio de 2002, Timor-Leste tornou-se totalmente independente.
Natália Carrascalão, a embaixadora de Timor-Leste em Portugal, recordou o dia difícil que viveu há 20 anos (em 12 de novembro de 1991) com as notícias do massacre de Santa Cruz. Diz que “Santa Cruz ajudou a que atingíssemos a independência, Santa Cruz ajudou a levar Timor-Leste para a ribalta, porque estavam jornalistas estrangeiros em Timor. E não é por acaso que consideramos o dia 12 de Novembro como o Dia dos Jovens Timorenses.”
A Indonésia nunca assumiu o real número de vítimas que fez nesse dia e ainda se desconhece o lugar onde muitas estão sepultadas.
A embaixadora diz ainda: “Timor é um país soberano, que vai vencer. Valeu a pena ter-se lutado pela independência e até agora tem dado provas de que é capaz e merece a confiança de toda a comunidade internacional, em especial de Portugal que nos ajudou a ser independentes.”
A canção "TIMOR", gravada em 1999 pela banda portuguesa Trovante, interpretada por Luís Represas (veja o vídeo abaixo), com poema de João Monge e música de João Gil, é um hino à independência e paz do território timorense.