A BORDO DA ESTAÇÃO ESPACIAL… COM UM TRAJE PERFEITO.
Não, não é nada fácil ser “estilista” para um traje espacial, pois menos do que “fashion” deve garantir praticidade e segurança.
Acredite: até as luvas são de extrema importância, pois se não forem adequadas à pressão do ar, o sangue foge das pontas dos dedos, uma dor intensa é sentida e as unhas ficam quebradiças até que acabam por cair. Mas este problema parece estar resolvido, já que o cientista Peter Homer idealizou umas luvas espaciais inovadoras, fortes o suficiente para proteger as mãos do vácuo do espaço e também hábil bastante para permitir movimentos complexos, de precisão. Homer faturou 250 mil dólares por seu projeto (cerca de 204 mil euros ou 506 mil reais).
Tampouco os trajes espaciais podem ser condutores de contaminação… Nem levar micróbios da Terra ou ingredientes da vida de cá que contaminariam qualquer potencial descoberta, nem trazer poeira de Marte para a Terra, por exemplo. Tudo indica que encontraram a solução e testes estão a ser feitos em busca de garantias e, assim, não colocar em risco toda a ciência por trás de cada missão espacial.
Agora sintam outra preocupação… os efeitos da gravidade do nosso planeta no corpo humano. Um astronauta perde cerca de 2% de sua massa óssea para cada mês que passe no espaço. Normalmente ficam uns quatro meses, mas em uma missão a Marte ficariam bem mais, provavelmente anos. Imagine a perda da massa do conteúdo interior dos ossos! Quando chegassem a Marte, a possibilidade de fraturas em tarefas simples seria imensa. Pois uma nova roupa está sendo desenvolvida… ela faz com que os ombros sejam pressionados da mesma forma com que a gravidade da Terra “puxa-nos” para o chão, proporcionando dessa forma que os ossos dos astronautas fiquem intactos mesmo em voos espaciais mais longos.
Para além disso tudo e, de certeza, mais outras tantas preocupações, é preciso que as roupas espaciais resistam na perfeição ao vácuo. Em hipótese alguma pode haver uma mínima abertura que cause o que chamam de “vazamento”. Para termos uma ideia do quanto seria desastroso, durante um teste em uma câmara a vácuo (praticamente um ambiente como o da Lua) construída justamente para tal fim, o tubo que estava a pressurizar a roupa se desconectou. O astronauta viu-se em apuros… Enquanto se desequilibrava, sentia a saliva em sua boca começar a borbulhar antes de perder a consciência. Ainda não se sabia exatamente como o corpo reagiria ao vácuo, mas havia possibilidades de que todos os fluídos do corpo começassem a ferver. Com sorte, em menos de 25 segundos um colega equipado salvou o astronauta, pois se esperassem pela despressurização da câmara, coisa que levaria mais de meia hora, o teste teria um resultado fatal.
Então, a tarefa de escolher o que levar em uma viagem para a Estação Espacial Internacional parecia ser um grande desafio para a NASA, apesar de não haver previsão de datas devido aos cortes no orçamento (atualmente, os ônibus espaciais – shuttles – estão aposentados e a Rússia é quem está no comando dessas missões).
Entretanto, mesmo sem um destino definido (um asteroide, Marte ou a Lua), os astronautas precisavam ter um traje novo. Uma situação semelhante à hipótese de sairmos em férias sem sabermos o destino e sermos obrigados a levar um pouco de tudo, desde um casaco quente a um biquíni e um guarda-chuva.
Pois a NASA, baseada nesse princípio, está a testar um novo protótipo, o Z-1. Projetado para ter o máximo de versatilidade possível, capaz de servir para explorar superfícies estranhas, flutuar fora de uma estação espacial e até mesmo superar a radiação do espaço profundo, enfim ter a flexibilidade para enfrentar qualquer tipo de cenário (tal como aquela nossa viagem de férias rumo a um destino desconhecido).
Confira o novo traje espacial e seus detalhes mais marcantes:

1 – “Porta traseira”.
Parece engraçado… É por onde os astronautas vão “entrar” na roupa. Ela se encaixa na nave espacial de modo que eles se vistam ainda dentro da nave para então exercerem alguma atividade lá fora. Além disso, quando usada em baixa ou nenhuma atmosfera, essa porta conserva mais ar do que outros fechos convencionais de bloqueio de ar.
2 – “Mobilidade”.
O Z-1 tem “rolamentos” na cintura, quadris, coxas e tornozelos, permitindo que um astronauta tenha maior mobilidade para, por exemplo, coletar amostras de solo e rochas em terrenos difíceis.
3 – “Material”.
Na realidade, o traje que vemos é uma cobertura exterior provisória, pois esconde um outro material: uma camada de nylon revestida de uretano que retém o ar e uma camada de poliéster que permite ao traje manter sua forma.
Assim, pelos vistos, por mais estranho que nos possa parecer, eis um traje que oferece mais garantias de segurança para quem usá-lo em missões longas como as que estão sendo planejadas pela NASA.