ESTARÃO AS AGENDAS E OS CALENDÁRIOS OBSOLETOS?
Com a chegada de apps como o iCal, Google Calendar, Evernote e até o antigo Outlook é cada vez mais comum preterir os calendários de papel e agendas em função dos smartphones e tablets. Continuam a existir, no entanto, defensores de que as novas aplicações e gadgets não podem substituir a clássica agenda.
É no fundo uma guerra entre formatos como a do CD vs. Download digital. Enquanto os mais progressistas afirmam que o novo meio é tão bom e que a diferença de qualidade no som é impercetível, os mais tradicionalistas defendem com a força de mil sóis que o CD tem melhor qualidade. Isto já para não falar do vinil contra o CD.
Há uns anos a minha família acolheu um aluno de intercâmbio dos Estados Unidos da América e um dos grandes problemas que ele enfrentou em Portugal foi que os professores, ou melhor, ninguém percebia metade do que ele escrevia, a sua caligrafia era tão horrível que mais parecia vinda de um médico embriagado a escrever em cima do joelho. Sentia-se sempre como um aluno que regressa às aulas depois das férias de verão e que se esqueceu de como é escrever. Toda a gente perguntava porque é que ele escrevia tão mal, ao que ele respondia: “Nós nunca escrevemos em papel na escola. Usamos sempre o computador portátil”.
Os gadgets ainda não substituíram definitivamente o papel, mas o último está sem dúvida a desaparecer. Hoje em dia já nem sequer é preciso conectar o smartphone ao computador para sincronizar os contactos e compromissos. Todos os nossos aparelhos podem ser agora sincronizados na rede, pela nuvem, automaticamente e quase instantaneamente. Ora, isto é sem dúvida uma enorme vantagem mas, quando um dia estava para marcar uma aula com um professor meu, depois de finalmente descobrir que e-mail usava para aquela conta e inserir todos os dados de log in e autenticação já ele tinha apontado tudo na agenda dele há cinco minutos.
Há também o risco de se deixar cair o aparelho no chão, na água ou de simplesmente perdê-lo, e o investimento efetuado para substituir um Blackberry não é exatamente o mesmo de uma agenda ou calendário de papel. Além disto deve-se considerar também que os aparelhos móveis não são exatamente poços de energia e a sua carga dura – sob um uso extensivo incluindo mensagens e chamadas – no máximo um dia.
Por outro lado, aquele que seja muito organizado e dependente da sua agenda vai-se certamente arrepender quando descobrir que a esqueceu no escritório, em casa ou que a perdeu e não tem outro meio de saber o que tinha para fazer.
Há também depois o fator social. Quando está na moda usar todas estas aplicações, o infeliz que se apanhe a usar a ferramenta da idade da pedra vai, de certeza, ouvir vários comentários sobre a sua teimosia em não usar aquilo que toda a gente usa. “Tu ainda usas isso? Mas tens estado a viver debaixo de uma pedra ou quê?”
Para concluir, caso opte por um ou outro, não há o melhor. Cabe-lhe a si pesar os prós e contras e decidir o que lhe parece melhor. Se já tem tudo organizado e estabelecido não vale a pena mudar, se achar até que um sistema misto é melhor opção, seja.
O ser humano é um animal de hábitos e é difícil implementar demasiadas ideias novas ao mesmo tempo, mas no fim acaba-se por aceitar os novos métodos e, um dia esses métodos vão também ser gradualmente substituídos por outros que virão.
Artigo do nosso Autor Convidado:
Paulo Barbosa
Multilingual SEO Researcher