HOJE DESCOBRI...QUE UMA BARATA CONSEGUE VIVER SEM CABEÇA!
Quem gosta deste bichinho? Contam-se pelos dedos as pessoas que adoram baratas, aqueles insectos repugnantes que, de vez em quando, gostam de nos prestar uma visitinha lá em casa.
Bom...hoje descobri que este animal consegue o feito extraordinário de sobreviver sem a sua cabeça durante algum tempo.
As baratas são conhecidas por se adaptarem a qualquer meio ambiente, e já se ouviu dizer que estes insectos até conseguem sobreviver a uma guerra nuclear. No entanto, não deixo de estranhar como será possível que uma criatura viva tanto tempo sem a sua cabeça.
Como é possível?
Bom, o fisiologista e bioquímico Joseph Kunkel, da Universidade de Massachusetts Amherst, que estuda o desenvolvimento das baratas, revela-nos este mistério. Em primeiro lugar, a decapitação em humanos resulta em hemorragia e queda na pressão sanguínea, dificultando o transporte de oxigénio e nutrientes até os tecidos vitais. "A pessoa sangra até morrer", afirma Kunkel.
Além disso, os humanos respiram pela boca ou pelo nariz, e o cérebro controla essa função crucial – assim, a respiração cessaria. O corpo humano também não pode se alimentar sem a cabeça, o que garante morte certa por inanição se alguém sobrevivesse aos outros "efeitos" da decapitação.
As baratas possuem um sistema circulatório diferente. Para que o sangue siga seu caminho pela vasta rede de vasos e artérias do corpo humano, e especialmente através dos minúsculos capilares, é preciso manter uma certa pressão.
O sistema vascular da barata é bem menos extenso e não possui capilares; assim, a pressão pode ser significativamente mais baixa. "Depois de cortar a cabeça da barata, o pescoço do insecto 'fecha-se' com a coagulação", explica Kunkel, "Não há uma hemorragia descontrolada".
Além disso, estes bichinhos resistentes respiram através de espiráculos, buracos minúsculos em cada segmento do corpo. O cérebro da barata não controla a sua respiração, e o sangue não carrega oxigénio por todo o seu corpo. Na verdade, os espiráculos mandam o ar directamente para os tecidos através de uma série de tubos chamados traquéias.
As baratas também são poiquilotérmicas, ou seja, são animais de "sangue frio". Consequentemente, não gastam energia para se manter aquecidas e, assim, conseguem sobreviver com uma quantidade muito menor de alimento. Elas conseguem-se manter durante semanas com apenas uma refeição, explica Kunkel. "Se não forem vítimas de algum predador, ficarão quietas e durarão por mais algum tempo".
O entomólogo Christopher Tipping, do Delaware Valley College, já decapitou baratas (da espécie Periplaneta americana) "muito cuidadosamente sob a lente do microscópio", ele conta, para estudar o que acontece. "Selamos a ferida com cera dental para evitar que as baratas secassem. Duas delas ainda sobreviveram por várias semanas dentro de um vidro".
Baratas e muitos outros insectos possuem grupos de gânglios – aglomerações de tecido nervoso – distribuídos por cada segmento do corpo. Esses agrupamentos são capazes de executar as funções nervosas básicas, responsáveis pelos reflexos. "Assim, sem o cérebro, o corpo ainda consegue funcionar em termos de reações muito simples", explica Tipping, "e elas são capazes de ficar de pé, reagir ao toque e se movimentar".
E não é apenas o corpo que consegue sobreviver à decapitação: a cabeça também continua a funcionar sozinha, mexendo as antenas para lá e para cá durante horas até ficar sem energia, revela Kunkel. Se receber nutrientes e se for refrigerada, uma cabeça de barata pode até durar mais.
Fonte: Scientific American Brasil